Quarta, 28 de agosto às 14:00h
A tese "AFTER 50 YEARS OF Ramphastos ariel REINTRODUCTION: RESTORATION OF ECOLOGICAL INTERACTIONS AND THE DISPERSAL RISK OF A POTENTIAL INVASIVE PALM IN THE ATLANTIC FOREST" ocorrerá no dia 28 de Agosto, presencialmente no prédio CCS - Salão Azul, UFRJ.
Orientação
ORIENTADORA: Prof. Dra. Rita de Cássia Quitete Portela
CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Henrique Rajão.
Membros Titulares:
Prof. Dra Alexandra Pires
Prof. Dra Daniela Rodrigue
Resumo:
Considerando a perda de biodiversidade como uma das principais consequências dosimpactos do Antropoceno, práticas de translocação para conservação são apontadas comoestratégias para recuperar interações ecológicas e a funcionalidade de ecossistemasdefaunados. Normalmente nestes ecossistemas as primeiras espécies extintas são osgrandes vertebrados, o que compromete a dispersão de sementes médias e grandes,limitando o processo demográfico e a estrutura genética de populações vegetais. Assim,reintroduções de frugívoros são recomendadas, mas suas consequências a longo prazo sãopouco descritas. Em ambientes urbanos, por exemplo, é necessário pensar que espéciesreintroduzidas podem interagir com espécies exóticas. Aqui, nós avaliamos a recuperaçãode interações ecológicas do tucano-de-bico-preto (Ramphastos ariel), espéciereintroduzida a mais de 50 anos no Parque Nacional da Tijuca (PNT), um grandefragmento de Mata Atlântica na cidade do Rio de Janeiro. Ademais, analisamos apossibilidade de introdução de Euterpe oleracea, palmeira amazônica com potencialinvasor na Mata Atlântica e comum na cidade do Rio de Janeiro, no PNT através dadispersão por R. ariel. A recuperação de interações ecológicas foi avaliada através doconceito do crédito de interações ecológicas, que envolve pensar que uma espéciereintroduzida pode restabelecer as interações desaparecidas com a sua extinção. Nósestimamos as possíveis interações de R. ariel no PNT através de uma revisão bibliográficade frugivoria do gênero Ramphastos cruzada com a lista da comunidade arbustiva earbórea do parque, e para analisar a recuperação destas interações, nós observamos afrugivoria de R. ariel por um ano, uma vez por semana, utilizando o método de feedingbouts. Nós também avaliamos o crédito de interações separadamente, de acordo com ostamanhos de sementes consumidas (pequena, média e grande), a fim de compreender oviés funcional das interações. Já a possibilidade de introdução de E. oleracea foi avaliadaatravés da modelagem de nicho para adequabilidade ambiental e modelagem de dispersãoutilizando o software RangeShifter, que combina dados da paisagem, dados matriciais deE. oleracea e dados de capacidade de voo e dispersão de R. ariel. A fonte de sementes deE. oleracea foi o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, área contígua e na zona deamortecimento do PNT. Encontramos que, das interações esperadas por R. ariel, 76%foram recuperadas, sendo que ao analisar separadamente, encontramos 63% derecuperação de interações com espécies de sementes pequenas, 89% com espécies desementes médias e 88% com espécies de sementes grandes. Além disso, encontramos quenão há adequabilidade ambiental para E. oleracea na PNT e mesmo que houvesse, as sementes dispersadas por R. ariel não iriam gerar uma população viável ao longo dosanos. Nossos resultados evidenciam o sucesso desta reintrodução, não apenas narecuperação de interações, mas também na recuperação da função ecológica de R. arielenquanto consumidor e dispersor de sementes médias e grandes e demonstram aeficiência de reintroduções ao longo prazo. E apesar de encontrarmos que não há ameaçade invasão por E. oleracea, ressaltamos a necessidade de prever as consequências deinterações entre espécies nativas e exóticas, principalmente em contextos urbanos.