Quinta, 03 de outubro às 09:00
A dissertação de mestrado "Land use, fragmentation and dimensions of mammal diversity throughout the Atlantic Forest of Brazil" ocorrerá no dia 03 de outubro, no Auditório Leopoldo de Meis (CCS/UFRJ), às 9h da manhã.
Orientador:
Dr. Marcus Vinícius Vieira
Titular:
Dr. Pedro Paulo da Silva FerreiraTitular
Dr. Jayme Augusto Prevedello
Suplente:
Dra. Maria Lucia LoriniSuplente
Dr. Marcos de Souza Lima Figueiredo
Resumo:
A compreensão de como a heterogeneidade ambiental impacta a diversidade de espécies é essencial para avaliar as dinâmicas ecológicas em diferentes ecossistemas. Em escala de paisagem, mudanças no uso do solo e a fragmentação do habitat atuam como fatores que determinam a estrutura das comunidades. Embora a relação desses fatores com a diversidade taxonômica seja bem conhecida, suas implicações para os atributos funcionais e sinais filogenéticos que moldam os nichos das espécies ainda são pouco compreendidas, especialmente para mamíferos de médio e grande porte. Para investigar esses efeitos, analisamos os impactos das variáveis ambientais na riqueza de espécies, diversidade funcional e filogenética das comunidades de mamíferos na Mata Atlântica. Utilizamos mapas de alta resolução de uso e cobertura do solo para quantificar o uso do solo e a fragmentação, além de imagens de satélite de iluminação noturna para avaliar a ocupação humana. Os dados sobre as comunidades de mamíferos foram obtidos de bases de dados publicadas, abrangendo 154 levantamentos e 71 espécies distribuídas na Mata Atlântica. Para quantificar as métricas ambientais, utilizamos um grid hexagonal que permitiu uma avaliação abrangente das características da paisagem. Atributos funcionais foram cuidadosamente selecionados, e uma árvore filogenética foi construída para entender as relações evolutivas entre as espécies. As análises utilizaram Modelagem Hierárquica de Comunidades de Espécies (HMSC), que considera as respostas compartilhadas das espécies às variáveis ambientais. Nossos resultados indicam que a fragmentação do habitat, particularmente a densidade de bordas, é o fator mais influente na composição das comunidades. Além disso, os atributos funcionais explicaram a maior proporção das respostas das espécies em relação à densidade de bordas e de manchas, em comparação com outras métricas ambientais. Ambos afetaram atributos das espécies como massa corporal e tamanho da ninhada. Espécies de maior porte, como a anta e o muriqui-do-sul, mostraram associações negativas com a densidade de bordas, destacando sua vulnerabilidade em paisagens fragmentadas. Em contraste, uma maior densidade de manchas promoveu a presença de espécies, demonstrando que habitats mais fragmentados podem beneficiar certas espécies ao fornecer recursos adicionais e oportunidades de movimento. Áreas agrícolas, particularmente aquelas dominadas por soja e cana-de-açúcar, geralmente tiveram impactos negativos na diversidade. No entanto, as espécies terrestres se beneficiaram dessas áreas e potencialmente as utilizam como matrizes permeáveis. A ocupação humana teve um efeito consistentemente negativo sobre as ocorrências de espécies, sublinhando os efeitos prejudiciais da urbanização nas comunidades de mamíferos. Por fim, após considerar os atributos funcionais, o sinal filogenético foi relevante em apenas um modelo, indicando que, em geral, os atributos utilizados já refletem a relação filogenética das espécies em diferentes ambientes. Essas observações destacam o papel crítico da heterogeneidade ambiental em modular a diversidade de mamíferos e ressaltam a necessidade de estratégias de conservação que abordem as mudanças na paisagem em larga escala, especialmente a fragmentação per se. O estudo também enfatiza a importância de incorporar os papéis ecológicos das espécies e suas histórias evolutivas em planejamento de conservação, para garantir a resiliência das comunidades de mamíferos neste bioma altamente fragmentado.