Defesa de Tese

Defesa de Doutorado - Branca Opazo Medina

MATOPIBA: CONSERVAÇÃO E AGRONEGÓCIO SÃO CONCILIÁVEIS NA ÚLTIMA FRONTEIRA AGRÍCOLA DO BRASIL?

Terça, 20 de junho às 14:00

O norte do Cerrado foi determinado como fronteira de expansão agrícola, na região MATOPIBA – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Concentra a maior quantidade de agricultores pequenos e familiares e de remanescentes do Cerrado, e as maiores taxas de desmatamento e uma produção de soja crescente. As relações de produção de soja com desmatamento, nem sempre relacionadas à distribuição de riqueza, ou ao desenvolvimento humano, reforçam o questionamento acerca do tipo de desenvolvimento econômico atrelado à produção de soja no MATOPIBA. Ao contrário, as consequências negativas se espalham: difusão de agrotóxicos, redução da disponibilidade hídrica, perdas de biodiversidade, conflitos sociais, pobreza e intensificação da seca. Assim, é necessário um conjunto de ações amplas, planejando caminhos que causem o menor impacto ambiental, conciliando conservação da natureza, restauração ecológica e redução da pobreza, visando adaptar a região às mudanças climáticas. Há 2 conjuntos de municípios vulneráveis a essas mudanças, com baixa capacidade adaptativa para enfrentá-las: um com altas coberturas de vegetação nativa, e outro com baixas. Os desafios para as sociedades se adaptarem às mudanças climáticas tornam-se maiores à medida em que as mudanças ficam mais presentes e intensas. Nas regiões onde essas mudanças se somam a outros impactos ambientais negativos, é estratégico considerar as áreas nativas como “infraestruturas verdes”, redes multifuncionais de áreas naturais, seminaturais e restauradas, projetadas e gerenciadas visando conservar a biodiversidade, mitigar as emissões de gases de efeito estufa, permitir a adaptação da sociedade às mudanças climáticas. Definiram-se 3 grupos de municípios: “Verdes e Pobres”, “Desmatados e pobres”, “Desmatados e Ricos”. a partir dessa base, investigaram-se quais obstáculos precisam ser superados para que cada grupo se desenvolva em direção a ser “Verdes e Ricos”. Esses grupos estão desconectadas das áreas de maior produção de soja, e para a sustentabilidade da produção, e os riscos climáticos, sociais, ambientais e econômicos envolvidos, estratégias de conservação e restauração também devem acontecer nesses municípios. É fundamental considerar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos no planejamento do uso da terra. A partir disso, definiram-se 4 regiões prioritárias para ações de conservação ou restauração: i. prover serviços ecossistêmicos para a sustentabilidade da produção de soja no oeste baiano; ii. adaptar as regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas no Maranhão; iii. reverter passivos ambientais e altas taxas de desmatamento em municípios com alto PIB no Tocantins e iv. conservar a biodiversidade na parte central de MATOPIBA, na divisa de MA e PI. Essas áreas totalizam 9.070.560,4 ha, 13,6% do Cerrado em MATOPIBA. O enfoque em MATOPIBA é preservar as últimas grandes áreas de Cerrado existentes, com medidas e políticas que considerem as inter-relações ambientais, ecológicas e sociais, através das soluções baseadas na natureza.