Segunda, 26 de fevereiro às 14:00
Aspectos de história de vida são fundamentais para estudos de dinâmica populacional,
uma vez que eles determinam como uma população muda ao longo do tempo, incluindo
sua resposta à impactos antrópicos como poluição e pesca. A raia-borboleta, Gymnura
altavela encontra-se em perigo de extinção globalmente e criticamente em perigo no
Brasil, de forma que informações sobre sua biologia e ecologia são essenciais para o
desenvolvimento de estratégias de manejo e conservação eficientes. Nosso objetivo foi
estudar os aspectos de história de vida da G. altavela através de estudos ex-situ
(cativeiro) e in-situ. No Aquário Marinho do Rio de Janeiro, nós pesquisamos o
crescimento, reprodução, comportamento e morfologia interna da raia-borboleta.
Realizamos, também, o primeiro estudo de idade e crescimento da G. altavela que
ocorre no sudoeste do Atlântico, analisando vertebras de indivíduos coletados na costa
sudeste do Brasil. Também buscamos investigar a possibilidade do uso de espinhos
caudais para obtenção de dados etários. Por fim, desenvolvemos uma cartilha de
educação ambiental voltada ao público geral. Foi observado dimorfismo sexual, com as
fêmeas crescendo mais rapidamente e alcançando tamanhos maiores tanto ex-situ
quanto in-situ. Os indivíduos mantidos em cativeiro parecem crescer mais rapidamente
e alcançar tamanhos menores que seus coespecificos na natureza. Por mais que tenha
sido observada uma grande variação intraespecífica nos parâmetros de crescimento, a
amplitude da plasticidade fenotípica pode não ser tão ampla quanto aparenta, graças a
incertezas taxonômicas e a influência de fatores genéticos populacionais. Os espinhos
caudais não se mostram adequados para obtenção de dados etários, uma vez que não
apresentaram bandas de crescimento. Os resultados encontrados são importantes para
construir planos de manejo e conservação eficientes, uma vez que variações nos
parâmetros de história de vida fazem com que seja importante obter dados de
populações e localidades especificas. Não somente, os dados ex-situ podem ser
utilizados por outros aquários que desejam manter e reproduzir indivíduos de raia-
borboleta.
Membros da banca:
André Martins Vaz dos Santos
Jean Louis Valentin
Karla Diamantina de Araújo Soares
Rachel Ann Hauser-Davis
Sérgio Ricardo Brito Santos