12 de maio, 14h
A fragmentação de habitat levando à defaunação desencadeia cascatas trófica complexas. Aqui testamos a Hipótese da Cascata trófica levada pela Fragmentação-Defaunação, examinando como um aumento populacional de macacos, resultante ausência de predação, leva ao declínio de uma planta dominante. Analisamos a dinâmica populacional de longo prazo de plantas de Euterpe edulis (“palmito”) em uma paisagem da Mata Atlântica brasileira, onde o predador, macaco-prego, tornou-se hiper-abundante em um fragmento desprovido de predadores. Indivíduos de palmito (N = 1193) foram marcadas e medidos para definir estágios ontogenéticos (altura e diâmetro) em 2005, e então acompanhados anualmente (2006-2015). As plantas recém-recrutadas nas parcelas foram marcadas e também monitoradas. Matrizes de Lefkovitch para cada ano de transição, taxa de crescimento populacional (λ), elasticidade e distribuição do estágio da planta mostraram uma forte tendência de declínio demográfico devido ao consumo letal do palmito pelos. Os cálculos de λ revelaram que, ao final do período de estudo, a população de palmitos estava diminuindo 34% ao ano. Uma grande mudança na distribuição dos estágios ocorreu e a população tornou-se cada vez mais dominada por jovens, enquanto as plantas reprodutivas diminuíam continuamente, indicando que o palmito provavelmente logo se extinguirá neste fragmento. Concluímos que a defaunação em fragmentos de floresta pode levar ao aumento populacional de predadores de plantas que impactam negativamente a demografia de populações de plantas anteriormente dominantes. Postulamos que a fragmentação onipresente e a defaunação seletiva do Antropoceno desorganizam as comunidades animais, levando a efeitos em cascata que incluem o colapso demográfico das plantas e, potencialmente, a estrutura da comunidade florestal.