Quinta, 09 de novembro às 14:00
Esse trabalho teve como objetivo ampliar o conhecimento sobre a abundância e riqueza de espécies da família Braconidae, segundo grupo mais diverso de vespas parasitoides, ao longo de um gradiente elevacional, identificando os fatores que determinam a distribuição das comunidades em uma região de montanha tropical, localizada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, RJ, Brasil. As coletas foram realizadas mensalmente de dezembro de 2014 a novembro de 2015, em 15 pontos divididos entre 130 m e 2.170 m, utilizando-se 2 armadilhas do tipo Malaise por elevação, totalizando 30 armadilhas por mês e 360 nos 12 meses de estudo. A tese está dividida em três capítulos. O primeiro é uma revisão bibliográfica que aborda os impactos das mudanças climáticas nas populações de insetos, contextualizando as mudanças climáticas naturais e o papel do IPCC no cenário mundial. O segundo trata da abundância e distribuição espacial e temporal de todas as subfamílias de Braconidae, com especial atenção às oito mais abundantes no período de estudo. Foram coletados 32.028 indivíduos pertencentes a 25 subfamílias de Braconidae. As subfamílias apresentaram maior abundância em diferentes elevações dentro do gradiente, que pode ser em decorrência dos seus diferentes hábitos parasíticos e adaptações fisiológicas aos fatores abióticos que variam ao longo do gradiente. A maior abundância, das oito subfamílias tratadas no capítulo, foi encontrada nos meses de verão (dezembro, janeiro e fevereiro) caracterizado por maiores médias de temperatura, incidência solar, bem como umidade e precipitação. O capítulo três trata da composição e riqueza de espécies e os fatores (bióticos e abióticos) que influenciam a alfa e beta diversidades espacial e temporalmente. Nesse capítulo foram morfoespeciadas sete subfamílias: Alysiinae (143), Agathidinae (13), Cenocoeliinae (24), Cheloninae (72), Euphorinae (84), Mesostoinae (34) e Microgastrinae (460), totalizando 9.552 indivíduos de 830 espécies. Além de tratar a família Braconidae como um todo (incluindo as sete subfamílias), Alysiinae, Cheloninae, Euphorinae, Mesostoinae e Microgastrinae, foram investigadas separadamente. Exceto por Microgastrinae, todas as subfamílias apresentaram maior riqueza na metade superior da montanha, incluído a família Braconidae. Em relação a beta diversidade foi possível identificar maior similaridade das comunidades em elevações próximas e dentro do mesmo cinturão vegetacional. Características das fitofisionomias, conjugada com os fatores abióticos, parecem determinantes na variação elevacional das comunidades nesta montanha. Temporalmente houve uma maior diversidade nos meses mais quentes e úmidos, um padrão muito comum para insetos em regiões tropicais.