Defesa de Mestrado - Paula Diniz

Os bichos-preguiça (Mammalia: Pilosa) são mamíferos neotropicais adaptados à vida nas árvores e, portanto, fortemente associados à presença de florestas. São animais com comportamento, ecologia e fisiologia únicos, que os diferencia dos demais mamíferos. As variáveis de hábitat são muito importantes para a persistência das espécies, principalmente para espécies arbóreas, como as preguiças. Dentre os diversos efeitos que as variáveis de hábitat podem ter sobre as espécies, elas podem ter influência sobre o tamanho da área de vida dos indivíduos, que, por sua vez é afetado por diversas características biológicos, geográficas e ambientais. Com relação ao padrão de atividade, as espécies catêmeras, como as preguiças-detrês-dedos (Bradypus) definem o desempenho de suas atividades de acordo com o melhor momento do dia para desempenhá-las baseando-se em diversos fatores. Apesar dos padrões gerais de atividade e área de vida das preguiças-de-três-dedos serem conhecidos, ainda há lacunas de conhecimento, especialmente quanto à existência de um padrão geral de resposta às perturbações ambientais. Assim, o objetivo geral deste estudo foi determinar as variáveis ambientais que influenciam os padrões de atividade e a área de vida das preguiças do gênero Bradypus. Para tanto, realizamos uma revisão sistemática, compilando dados de área de vida e padrões de atividade (descanso, alimentação e deslocamento) de quatro espécies de preguiça do gênero Bradypus. Esses dados foram combinados com variáveis ambientais (adequabilidade climática, cobertura arbórea e pegada humana) obtidas através da literatura e bases de dados online. Foram construídos Modelos Lineares Generalizados Mistos (GLMM) para estabelecer a relação entre área de vida e padrões de atividade (variáveis dependentes) e as variáveis ambientais (variáveis independentes). O tamanho da área de vida das preguiças foi influenciado pela adequabilidade climática e pela cobertura arbórea. Os resultados, embora variáveis, indicam que as áreas com menor adequabilidade climática no presente estão relacionadas com áreas de vida maiores, o que pode vir a ser uma ameaça. Já o tempo em descanso das preguiças foi influenciado pela cobertura arbórea e pela pegada humana. Os resultados demonstram que em ambientes mais antropizados, a porcentagem de tempo em descanso das preguiças foi maior. Este estudo fornece insights a respeito da relação entre os aspectos ecológicos de preguiças e variáveis ambientais, indicando que a cobertura vegetal, adequabilidade climática e pegada humana podem alterar aspectos da ecologia das espécies analisadas.

Membros da Banca:
Titulares: Carlos Eduardo de Viveiros Grelle e Luara Tourinho
Suplentes: Maria Lucia Lorini e Jayme Prevedello