Sexta, 27 de setembro às 09:00
A dissertação de mestrado "Ocorrência da arara-canindé (Ara Ararauna): passado, presente e futuro" ocorrerá no dia 27 de setembro, presencialmente no Auditório Hélio Fraga, CCS, UFRJ.
Orientador: Fernando A. S. Fernandez
Coorientador: Marcelo Lopes Rheingantz
Membros Titulares:
Maria Alice dos Santos Alves
Luiz Antonio Pedreira Gonzaga
Membros Suplentes:
Rita Portela
Henrique Rajão
Resumo da Dissertação:
Psitacídeos estão entre os grupos de aves mais ameaçados do planeta, o que suscita uma demanda crescente por estratégias para sua conservação, das quais se destacam as reintroduções. Estas são definidas como translocações de indivíduos para uma localidade dentro de sua distribuição original, visando reverter extinções locais e interações ecológicas perdidas com elas. Entretanto, para algumas espécies de psitacídeos, mapas de distribuição existentes carecem de transparência, podendo subestimar sua ocorrência no passado, o que prejudica a consideração de reintroduções. Em vista de indícios de ocorrência da arara-canindé em regiões da Mata Atlântica brasileira fora da distribuição admitida pela IUCN, o objetivo geral desta dissertação é entender quais são as áreas onde a arara-canindé foi extirpada e poderia, portanto, ser reintroduzida. Compilei e filtrei registros de ocorrência de arara-canindé desde o início do Século XVI até os dias atuais, a partir de relatos de viajantes, espécimes em museus e dados de ciência cidadã. A partir deles, calculei a extensão de ocorrência da espécie no passado e no presente, gerando um mapa de distribuição geográfica que comparei com o da IUCN. Calculei a proporção de cobertura florestal da porção de Mata Atlântica onde a espécie foi extirpada. O mapa da IUCN subestima quase 20% da distribuição histórica da arara-canindé, e a maior parte da omissão ocorre na porção leste da Mata Atlântica. Essa região abriga a maior parte da população brasileira nos dias de hoje e historicamente sofreu com níveis intensos de desmatamento, mas ainda conta com alguma cobertura florestal. Possíveis causas para a extirpação da arara canindé são a captura para o comércio, o desmatamento e especificamente a perda de palmeiras onde possam nidificar, mas restam incertezas sobre seus requisitos de habitat nessa ecorregião. Para corrigir as lacunas é necessário monitorar populações remanescentes na Mata Atlântica, mas como são poucas isso não é suficiente. Recomendam-se esforços experimentais para liberar grupos intensamente monitorados de araras-canindé para que dados demográficos, de dieta e de comportamento sejam coletados a fim de subsidiar a tomada de decisão em reintroduções da espécie na Mata Atlântica.